16.07.2021 - IPMA
Teve início a campanha UPFLOW a bordo do NI Mário Ruivo com duração superior a um mês, com o objetivo de obtenção de “imagens sísmicas” do interior do manto terrestre numa área geográfica vasta do Atlântico Norte, entre as ilhas Canárias e das ilhas vulcânicas dos Açores e da Madeira.
Partilhar

O Navio de Investigação do IPMA “Mário Ruivo” largou a Base Naval de Lisboa a 14 de julho de 2021, levando a bordo uma equipa científica multinacional dirigida por Ana Ferreira do University College London (UCL). Durante mais de um mês serão colocados em locais apropriados do fundo do Oceano Atlântico sismógrafos submarinos que irão obter uma imagem, com precisão sem precedentes, do interior do manto terrestre. O projeto UPFLOW que recebeu um financiamento do European Research Council (ERC) de cerca de 2,8 milhões de euros, corresponde a uma cooperação entre a UCL e o IPMA.

Os sismógrafos submarinos detetam vibrações causadas por sismos, sendo alguns destes instrumentos desenvolvidos por equipas de vários países, entre os quais Portugal. O objetivo central do UPFLOW é o desenvolvimento de um novo método de obtenção de “imagens sísmicas”, que incorpora técnicas inicialmente propostas por astrofísicos para o estudo de galáxias distantes.

A investigadora responsável pelo projeto, Ana Ferreira refere que “esta é uma experiência única na área da sismologia. É a primeira vez que é coberta uma área geográfica tão vasta no Atlântico Norte com estes instrumentos de alta precisão. Ao analisarmos os dados, esperamos compreender os grandes movimentos que ocorrem a centenas de quilómetros no manto da Terra, no fundo do Oceano – em particular, o fluxo ascendente de materiais que ainda não temos uma boa compreensão. Estes movimentos são a derradeira causa de erupções vulcânicas e podem dar a origem a sismos”.


Ana Ferreira acrescenta “os dados conseguidos vão deixar um legado importantíssimo, abrindo uma vasta área de pesquisa, desde poder seguir os trajetos das baleias através dos sons que fazem ao passar perto dos sismómetros, até à monitorização de sismos e tremores vulcânicos. Os dados também podem servir para estudar as interações entre a atmosfera, os oceanos e a terra sólida”.
Miguel Miranda, da equipa do projeto, referiu: “a existências das ilhas Canárias e das ilhas vulcânicas dos Açores e da Madeira são o resultado de movimentos massivos abaixo da superfície da Terra. A nossa pesquisa quer descobrir se existe uma ligação no aparecimento destas ilhas”.

Ao longo das próximas 5 semanas, Ana Ferreira lidera a expedição em curso, em articulação constante com o Núcleo de Navios de Investigação e Observatórios do IPMA. Durante esse tempo serão feitas diversas ligações por Zoom com escolas primárias no Reino Unido, Alemanha, Portugal, Espanha e Irlanda. Como parte desta campanha de divulgação e envolvimento, todas as turmas das crianças dos países participantes sugeriram nomes para os sismómetros como por exemplo: Neptune, Triton, Jelly, Caesar ou Thor.

A equipa também irá também gravar clipes de voz e sons do navio como parte da colaboração com o compositor e artista de jazz Liam Noble, para criar música inspirada na expedição.

O projeto UPFLOW resulta da colaboração entre as seguintes entidades: Alfred Wegener Institute, University of Potsdam, Helmholtz Centre Potsdam (GFZ) and Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel (GEOMAR), Dublin Institute for Advanced Studies (DIAS), Real Instituto y Observatorio de la Armada (ROA), Instituto Dom Luiz (IDL, Portugal), Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) e Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. (IPMA).

Para mais informações: https://upflow-eu.github.io/

Partilhar